Ratos e parnasianos
Se empenhando,
suando como um suíno febril,
lutando contra palavras e pensamentos.
Toda uma noite debruçado sob um papel,
caçando sinônimos imprestáveis em dicionários amarelados.
Na mesa, um charuto importado e vinho branco com filé de peixe.
Caprichando incessantemente,
em cada verso,
mas nunca o bastante,
punhetando pelo poema perfeitamente
metrificado, devidamente pesado, prensado e enlatado!
Horas, dias, semanas, tudo para escrever algumas linhas
e impressionar animais de gosto duvidoso.
Amigo(a), para quê tanto parnasianismo
se o que tem dentro de você é a mesma coisa que tem dentro de um rato?
Para quê tanto Bilac se quem reina é Sade?
Não invente, não controle o que escreve.
Arranque, colha, estripe.
Ou não se dê ao trabalho.