PAIXÃO
PAIXÃO
Acomodo-me na cadeira estofada
Aguardam-me uma tela limpa e
Quem sabe uma poesia
A frente um espelho onde
Vejo o passar do tempo
A noite é infante, apenas sinto
Não a vejo entre paredes
Ritualmente penso
A tela virgem provoca-me
Entre vagas de inspiração e expiação
O relógio sem tic e sem tac
Marca a hora inexistente
Alguém diz tente, tente
E a poesia aflora
Como fantasma presente
As vezes coração
As vezes ranger de dentes
E palavras em explosão
Floreiam a tela aos poucos deflorada
Então a paixão descansa
Entre luas e estrelas
Que mesmo enclausurado
Consigo vê-las