PAIXÃO

PAIXÃO

Acomodo-me na cadeira estofada

Aguardam-me uma tela limpa e

Quem sabe uma poesia

A frente um espelho onde

Vejo o passar do tempo

A noite é infante, apenas sinto

Não a vejo entre paredes

Ritualmente penso

A tela virgem provoca-me

Entre vagas de inspiração e expiação

O relógio sem tic e sem tac

Marca a hora inexistente

Alguém diz tente, tente

E a poesia aflora

Como fantasma presente

As vezes coração

As vezes ranger de dentes

E palavras em explosão

Floreiam a tela aos poucos deflorada

Então a paixão descansa

Entre luas e estrelas

Que mesmo enclausurado

Consigo vê-las

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 14/02/2020
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