CARNAVAL DO ZÉ NINGUÉM
O carnaval, para mim, parece mágico.
Lá estão homens e mulheres pernósticos,
Divertem-se ao som das marchas célebres;
Das composições com caráter lúgubre,
Às músicas cantadas por vozes lânguidas.
Nas ruas onde janelas assistem bêbedas,
Homens são mulheres, e mulheres? Tão párvulas...
O carnaval, assim, parece trágico.
E homens e mulheres divertem-se lépidos...
Lá vai o Zé Ninguém cheio de ânimo,
Depois de um dia passado insípido,
Rindo ao menos um dia como se fosse uma pílula.
Maquiado e vestido de maneira insólita,
Perseguindo curvas nas curvas íngremes
Dos bairros animados pelas recentes bátegas
E as enchentes descem como se fossem rios vândalos,
Mas, a festa acontece noite adentro, incólume.
Não vamos apenas chorar as catástrofes.
Vamos rir o nosso estado efêmero,
Balançando bandeirolas, Brasil brasileiríssimo!
Em festas de rua e corações alegóricos.
Os artesãos, da alegria, são íntimos.
Poetas dirão: são artífices...
Colombinas, Pierrôs, arlequins e acróbatas.
Abram alas para mim, um bufão, um títere,
Um triste e apaixonado folião fanático.
Tudo é festa no salão, ânimo!
E o ano já vai começar mágico...