A flor morta (Deste meu Ego que pensa estar de pé)
flor morta...
Não é uma flor é a minha alma.
Não é a minha alma é o meu brilho próprio.
Não é o meu brilho próprio é o meu ego estraçalhado.
Não é o meu ego é apenas uma flor morta...
Não é uma flor é um pássaro sem asas.
Não é um pássaro sem asas é um urso desdentado.
Não é um urso desdentado é um leão grunhido em gemidos.
Esse leão já foi Profeta.
Esse profeta já amou.
Esse amor já foi uma flor morta.
Essa flor morta já foi uma mulher que escrevia poesias.
Essas poesias já foi um orgasmo de quem vivia na solidão.
Esse orgasmo já foi um paraíso que se abria para o diabo.
Esse diabo já foi um mulato que pensava ser gente.
Essa gente já foi um ser humano que pensava ser animal.
Esse animal já foi um besouro que pensava ser um ser humano.
Esse ser humano já foi uma flor morta que pensava ser no caixão.
Esse caixão levou todos os sonhos...
Os sonhos, eles todos disseram adeus.
Não há deuses, mas nasceu o Messias.
O Messias trouxe um jardim.
O jardim era a coisa mais bela aos olhos...
O jardim era uma Mulher nua...
E nua em beleza era a tentação da solidão.
O Jardim gerou uma flor morta.
A flor morta abortou com meu poema...
O poema cortou a própria garganta com uma espada.
Todos os dias em que a loucura se chama amar alguém que não nos ama...
A verdade está escondida no interior do Ódio.
O ódio também já amou, mas nunca foi correspondido.
Então veio um anjo do céu e trouxe uma chave para abrir os portões do inferno.
Esses portões do inferno foram abertos para minha poesia.
A minha poesia em prantos enlouqueceu...
A loucura trouxe ao mundo a infelicidade.
A infelicidade fez brotar uma semente de guerra.
A guerra trouxe Paz ao cemitério dos Malditos e esquecidos...
Pois, muito embora, o amor não seja conhecido ele pouco é entendido.
Pois, muito embora, um beijo de uma fêmea enlouqueça um Apaixonado...
... A rejeição transforma todo herói em caído.
E todo enamorado num cemitério sem mais sonhos...
Muitos profetizaram o fim do mundo...
... O fim do mundo se inicia quando é escrito um poema às Lágrimas...
Onde está a flor morta?
Onde está o nosso deus que se diz muito embora imperceptível?
Onde está aquela escrita de poemas que causa horror à quem escreve ao próprio coração?
Loucura é amar na chuva que cai tantas pragas que conduz a um destino de pouca luz e fartura de trevas.
Eu vejo que a morte busca um cadáver que anda na nossa própria fronte...
Eu vejo que a flor morta desabrocha em pétalas que leva para muito longe o próprio lacrimejar da minh'alma.
A própria dor no coração, que desatina numa solidão e nos afoga ao ponto de tudo perder significado; para sumir numa bruma suave, que no intuito de querer apenas entender aquilo que nos causa tanta dor: O amor, esse lume tão traiçoeiro?
Parece que a caminhada terminou...
Estacionando uma parada de pranto e medo...
Tudo está pendurado nas asas de uma águia que carrega na cabeça o universo.
Milhões de luminares à brilhar no espaço tão longínquo que se chama a inteligência e um adeus.
Parece que tudo emerge para uma única causa e efeito que é um tabefe na cara daqueles sonhos impossíveis do coração...
Vamos ao encontro de uma névoa que não passa.
Somos Fantasmas no cemitério que de tão frio são gotas de esperança.
Somos jardineiros em um jardim que nos rejeita.
Nasceu a primeira flor e essa nunca nos elege.
Pois, muito embora, o destino ele seja enevoado a: Quimera própria de nós mesmos, sim ela existe...
Só nos restou este frio.
Não há mais chuva de terra que nos banhe essa água tão poluída...
São pesadelos que me atraem numa morada de uma curva de sozinho...
Eu falo com espíritos...
Eu vejo um apaixonado no precipício...
Eu vejo no meu interior uma criação de um mundo novo e até mesmo perdido.
São nuvens que se formam na consciência de quem não sabe optar pela realidade de um sonho ou até mesmo de um pesadelo.
Quimera louca que traga como um leão de fome mais insana das emoções.
É um rio que vai formando numa correnteza dúvidas e mais dúvidas...
Querendo transformar esse ser num corpo que transmutado num espírito preso na alma e no corpo vai emergindo no dragão líquido de sal...
Somos ventos somos poeiras do Além...
Afamada tristeza que arrebata tanta beleza...
Eu não vejo mais significado em tantas dúvidas no meu coração. Parece que ele olha no horizonte tão longínquo e ao mesmo tempo tão perto de dores que vai traspassando o meu ego arrogante; ao ponto de gritar e clamar por socorro, neste ser pobre e nu...
Somos poeiras nas mãos de um macaco...
Somos líquidos nos olhos de um piolho...
Somos sangue no pelo de uma aranha...
Somos um risco fútil na sobrancelha de um elefante...
Somos uma loucura no grito de uma galinha...
Somos a descendência da Lacraia misturado ao pelo da zebra...
Somos o poema esbaforido na ira do javali.
Eu falo com gente... Gente que se acha perdida?
... Eu falo com animais...
... Eu falo com espíritos...
... Eu falo com a tristeza...
... Não falo com frio?
Eu falo com abismo...
Eu falo com a escuridão...
Eu falo com a imundícia...
Eu falo com o pecado...
Eu falo com erro...
... Eu me pergunto; e sou minha resposta mesmo?
Eu apenas sei que falo com espíritos.
Sendo eu; uma reles, flor morta.
Eu te louvo Ó "X"...