Melancolia LV
Pego um banco para saltar
Sinto meu sangue ferver a cabeça.
Eu pertenço ao céu,
as asas já me carregam ao norte
sem me contar os pingos que derramarei.
Não há um toque no pé que me acorde,
nem uma canção que me ouriçará.
As lâminas já crescem e me pedem paz
O tempo passa, as cicatrizes,
não se curam mais.
Não posso pedir-te um risco,
mas caminho para que tua voz me rasgue.
Viro as escolhas contra a parede
e arranho as cores nebulosas que me olham.
A criança já sabe, pois senta na cama
e em lágrimas pede socorro.
As pequenas palavras não ditas
traz vagalumes que se acendem na noite
dos pensamentos.
Como deveria sentir o coração ao ver
o corte do silêncio sobrevoar o destino.
Olham-me pela janela e suas vozes
gritam por mim, afrontam minha dor
em vidros e espelhos encarando
o azul que me surge.
As palavras agitam, acalmam,
me faz sentir.