Melancolia LV

Pego um banco para saltar

Sinto meu sangue ferver a cabeça.

Eu pertenço ao céu,

as asas já me carregam ao norte

sem me contar os pingos que derramarei.

Não há um toque no pé que me acorde,

nem uma canção que me ouriçará.

As lâminas já crescem e me pedem paz

O tempo passa, as cicatrizes,

não se curam mais.

Não posso pedir-te um risco,

mas caminho para que tua voz me rasgue.

Viro as escolhas contra a parede

e arranho as cores nebulosas que me olham.

A criança já sabe, pois senta na cama

e em lágrimas pede socorro.

As pequenas palavras não ditas

traz vagalumes que se acendem na noite

dos pensamentos.

Como deveria sentir o coração ao ver

o corte do silêncio sobrevoar o destino.

Olham-me pela janela e suas vozes

gritam por mim, afrontam minha dor

em vidros e espelhos encarando

o azul que me surge.

As palavras agitam, acalmam,

me faz sentir.

Ytalo Scharf
Enviado por Ytalo Scharf em 12/02/2020
Código do texto: T6864106
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