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Pasodoble no Jardim
 

Era o cravo!...Era a rosa!... Que duelo!
Era o tempo que não estava mais a fim...
Pois havia uma contenda em paralelo,
Que tirava da rosa o seu belo carmim
 
Veio a chuva! Depois, veio o vento!...
E o céu se fechou... Mas que ruim!
Quem passava só ouvia os lamentos
Da rosa desgrenhada ou coisa assim...
 
Choroso, vem o cravo e lhe abraça!
E ela, em prantos, quis dançar até o fim...
Ele, então, a conduz à velha praça,
E lá, dançam pelo “não” e pelo “sim”.
 
Cravo preto, esqueça tubas e fagotes!
Rosa vermelha, o teu sangue é marfim!
Há tantos sonhos fora do velho Quixote,
Há tantas flores, a exemplo do jasmim.
 
E o povo, aturdido, também dança...
Sem saber o que será de tudo, enfim.
De repente, cai a rosa, voa a lança!
Sobre ela, tomba o cravo; morre o jardim.
 




Imagem: Internet - Foto: flickr.com.