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Se a saudade é orgulhosa,

Lentamente se aprofunda na dor

E a dor sobrevoa no tempo

Até que a solidão convalesça.

Caso a solidão seja hipócrita,

Velozmente a saudade a dissipa

Perante os ventos que sopram

Inescrupulosamente sem direção.

Quiçá saudade e solidão sejam primas

E, enquanto uma chora, a outra sorri

E vice-versa na combustão das horas

Já cansadas de revelar-lhes o destino...

Não se vê solidão na saudade latente,

Não se vê saudade na solidão apócrifa,

Pois se o destino trouxer solidão frenética

É porque a saudade é ortodoxa e inexorável.

Então saudade e solidão são as reais peças

Da amistosa anistia que o tempo concede à dor

A fim de que no clímax indelével do amor

Possam ambas conjugar-se simultaneamente.

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 10/02/2020
Código do texto: T6863150
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