DISTANTE COTIDIANO MULTIFACETADO

Momentos resignados...

Sempre acordo dentro da sombra do dia,

com o ar limpo e gélido dos vôos em sonho,

presencio o nascedouro da luz que vinha,

na cama com pés alcanço o chão e ponho!

Momentos acordados...

No banheiro me deparo com alguém

estranho, mas familiar, esfrego a cara.

Me encaro escovando a mente de um refém;

eu dentro de outro ser, filho da casa!

Momentos viciados...

Lavo todo o corpo, lavo toda a alma,

lavo os mais limpos sonhos que já esqueci;

largo do meu protegido lar, da calma

Parto drogado, cafeínado de mim.

Momentos predadores...

Sou do dia, a cria sem o brilho do sol;

Chego ao trabalho para me esquecer;

E ser o filho animal, filho capital,

filho racional, tem que sobreviver!

Momentos cansados...

Ganhando o dia , o dia todo foi embora.

Fujo do universo dos olhos sem rosto.

Não tenho nada mais a dizer agora,

e volto correndo encontrar o meu outro.

Momentos apaziguados...

Em casa eu observo um moribundo triste;

Banho o corpo e a alma, sai mundo daqui;

Renovado, menos do dia que não tive

Que lembro, tardiamente, em sonhos, de mim.

Vão-se as horas marcianas ... insanas...,

e ficam as noites que são minhas

Naldo Coutinho
Enviado por Naldo Coutinho em 08/11/2005
Código do texto: T68627