Fugitiva
Ela estava sempre escapando, sempre indo embora, mesmo quando queria ficar
Sentia que era sempre a estrada, sempre fora do lugar
Se distanciando de tudo e de todos, até mesmo na poesia, ''ela'' se distanciava de si mesma para negar todo aquele sentimento reprimido
Fugir já se tornara sua rotina, antes mesmo de aprender a caminhar com os próprios pés
É irônico, eu sei, passar a vida toda se escondendo, tanto quanto é inútil
Ela sente que ninguém a ama, mas nunca se permitiu ficar tempo o suficiente ou mesmo experimentou amar primeiro
É que ela sabe quanto dói ser abandonada, já viu isso muitas vezes, vários filmes diferentes, mas com a mesma cena
Ela se sente tão pequena, diante do mundo ao seu redor
E cada lagrima que derrama, se odeia, por ter deixado acontecer e ver seu coração ficar menor
Algo está errado ultimamente, ela tem se esquecido de como fugir e tem sido um problema se adaptar ao ''agora''
Ela até finge, adotou um substituto para fuga
Como uma criminosa, só que seu único crime é continuar correndo na contra mão de si mesma
Viveu assim por tanto tempo, que esqueceu como é parar para admirar a vista, pois tudo que vê são lampejos de felicidades
Mas não são suficientes
Está imersa em olhares vazios e sorrisos falsos
E cansou de fingir
Cansou de fugir, mas não sabe onde parar
Notou que todos esses anos correndo, nunca se preocupou em construir morada no coração de outro alguém
E agora ela olha ao seu redor e todos parecem ter feito o que ela nunca aprendeu
É que mesmo cansada, ela não consegue parar de correr...