A SAGA FINAL DA ARQUEIRA E DO ESCRAVO

No intervalo entre minha morte e o Juízo Final

eu ouvi seu riso mais de perto e me libertei.

Me libertei e resolvi te aprisionar

á mesma arvore onde eu estive,

onde eu estive e agonizei.

Lancei uma flecha.

Zombaste de minha pontaria.

A muito custo acertei tua alma.

Choraste no mesmo tom do meu grito.

Tuas lágrimas não me convenceram.

Senti que, assim como eu, precisavas morrer.

Precisavas da mesma libertação que eu tive.

E veio a manhã.

Caminhaste em direção ao sol.

Fiz um caminho sobre teus rastros

Mas minha ultima flecha te acompanhou...

Seguimos em linhas paralelas

Enquanto nossas essências se procuravam.

Eu estava em ti através das flechas que lancei.

Estavas em mim da mesma maneira.

Estávamos naquela árvore.

Na noite que caiu e na manhã que veio.

Veio a chuva e nossas flechas se fundiram.

Olhei pra ti. Vi a mim mesmo, desolado.

Me olhaste. Vias somente uma flecha.

Choraste... penetrando naquilo que eu era.

E tuas lágrimas fundiram a chuva.

Nossos átomos se racharam.

E a tarde protagonizou outra luta de flechas.

Poeta Francisco Guilherme
Enviado por Poeta Francisco Guilherme em 07/02/2020
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