Desgoverno
às vezes choro como uma porta velha,
meus dentes rangem como um carro de boi.
curvo meu corpo junto ao portal da sala
para que você não trespasse o vão
o silêncio parece um ruído distante,
o vento traiçoeiro soluça aos berros.
me calo atordoado com tudo
é o meu mundo que está mudando
lá fora, do outro lado da rua,
o menino esfarrapado está faminto
não sei se cuido dele ou se cuido de mim
tudo é tão estranho e tão denso
nada é tão grande que eu não possa ver,
nada é tão louco que não possa sonhar
eu, você e o menino, pra onde vamos?
para onde nos levam os homens de hoje?