ADOLESCÊNCIAS

Todos os homens estão sós.

E não há meio-fio. Nem semáforo.

A carne envelhece cortada

pelo sexo, pelas drogas

e pela inadimplência.

Os voos da alma rebelde

atiçam fogueiras nos becos do inferno

onde cowboys babacas galopam delírios

com as esporas das gargalhadas.

Os demônios de asas de seda

- de velocípedes descem dos céus.

O anjo dos Drive-ins arrasta-se sob asas de neon

desviando dos tiroteios e da neblina cerrada

das máquinas do bingo.

Adolescentes e ninfetas flertam com as estátuas dos poetas

psicografando o alfabeto on line

inaugurando o jeito de amar sem culpa.

O sangue é meu panfleto

o delírio ortografia.

Taparei os ouvidos ao escutar

a marcha-fúnebre das fábricas – anciãs

numa era de músculos artificiais.

Nenhum homem carregará

o planeta do pêsame nas costas

porque uma criança saída da tenda do Poder e da Ordem

pôs fogo no cérebro do que calculava o preço da estória