NÃO ESQUECI DE NADA

Às vezes,

você me pergunta

se eu ainda te amo.

Se eu não te amasse,

o mar não seria mais azul,

os sabiás não cantariam nas manhãs de primavera.

Se eu não te amasse,

todas as canções de amor seriam esquecidas,

todas minhas rimas e versos não seriam escritas.

Se eu não te amasse,

se você não existisse

eu não te inventaria.

Se eu não te amasse,

não haveriam flores de ipê

enfeitando teus cabelos.

Se eu não te amasse,

não haveria nossa dança

na chuva de verão.

Se eu não te amasse,

não me sentiria um menino

perdido nas tuas grutas, picos e fendas.

Se eu não te amasse,

não haveriam balé de pirilampos

nas noites estreladas.

Se eu não te amasse,

não haveriam desenhos cegos

de saudade.

Se eu não te amasse,

não haveriam desenhos cegos

de êxtases.

Se eu não te amasse

não haveriam madrugadas

tatuadas de orgasmos.

E como diz aquela linda canção francesa:

“Non Je n’ai rein oublié”

não, eu não esqueci de nada.