JUREI DIZER A VERDADE
Nasci em Campina Grande,
E no sertão caminhei...
Seguindo rastro de cobra,
Nas campinas que andei...
Mas nunca pisei em falso,
E a ninguém maltratei...
Jurei dizer a verdade,
E só a verdade direi...
Assim como Zé Preá,
Que, com ele me encantei...
Contando uma mentira,
Dizendo que já foi rei.
O "nego" também dizia,
Que viveu num grotão...
Tirando leite de pedra,
E espinhos do coração...
Arrancando macambira,
E caroá com a mão.
Já comeu gato do mato,
E batata de umbuzeiro...
Farinha e lambu assado,
Xerem o dia inteiro...
E, pra escapar da fome,
Comeu fruta de cardeiro...
Comeu rato do mato,
E tanajura em formigueiro.
Bebeu água de cacimba,
E mel de aroár...
Comeu ave de rapina,
E fruta de trapiá...
Só não comeu a serpente,
Com nojo de vomitar.
Bendito seja hoje,
Amanhã e todo dia...
Bendito sejam os veros,
Que conto com alegria...
A você José Almeida,
Que transborda poesia...
Lito Melo e tantos outros,
Deixo à vocês meu bom dia!
VERIANO DIAS