A luta pelo supérfluo.
lutamos pelo tempo que não temos
pelo beijo que não demos
pelo abraço que perdemos
pelo vento que não sentimos
pelos que morreram sem ter nascido…
lutamos pelo supérfluo da vida
pelo passado que não podemos mudar
pelo futuro que nunca sabemos será assim
e deixamos que o presente aconteça,
ali, mesmo ali diante dos lábios fechados
dos braços caídos, e dos silêncios,
dessas palavras não ditas…
na luta pelo supérfluo
esquecemos a essência da vida
o sol no rosto, o toque da pele
aquela paisagem que nos deslumbra
aquele beijo, ai… o beijo…
um “amo-te” fora de tempo
um até logo atirado à pressa…
na luta pelo supérfluo esquecemos…
de viver agora, de fazer do já um poema
de fazer da vida uma festa…
nem que tudo se resuma a um mero olhar…
Alberto Cuddel
31/01/2020
17:22
In: Nova poesia de um poeta velho