Transborda o clichê
Transborda o clichê da labuta
Transborda a responsabilidade da vida adulta
Transborda a hostilidade na conduta
Transborda o gesto de mão dupla
Inevitavelmente, como já sabem, transbordo
Asquerosamente, como já imaginam, retorno
Inegavelmente, como já previram, castigo
Vergonhosamente, como já sentiram, reprimo
Não é este o segredo do mundo
Não é este o segredo do escuro
Não é este o segredo em resumo
Não é este o segredo mudo
Mas como pode ser tão assim
Tão blindado e resguardado
Tão compacto e encubado
Tão regrado e entalhado
Como pode parecer de enfeite
E nem pensar em se entregar ao deleite
E desperdiçar toda a vida em um pente
E se perder no asfalto quente
Porque minhas palavras te atingem
Te rasgam, te resguardam, te idolatram
Porque em mim sou tudo
E transbordo em completude
Porque possuo em mim o mundo
E sou o que quebra tua quietude
Nada mais senão a verdade
De quem é o que é
Contra aquele que é o que esconde
E se encobre com suas fantasias de vaidade
E se remonta com as peças da vagarosidade
Isso não é um poema sensato
Porque sobre você jamais conseguirei recontar os fatos
Isso é um poema estressado
De quem já cansou de agir com descaso
Mediante a isso aí que você insiste em insistir
Mesmo minha voz te afirmando que a verdade está por vir.