DEPOIS DO FUNERAL
A manhã anunciada
(A sina,o som, o toque de uma lenta agonia
Trazendo pra vida
O reflexo de todas as metáforas
Que perambulam
Em alguns lugares da vida)
Às ruas sinistras
E o cortejo sombrio da solidão
As palavras ditas
São de desespero e choro
E não decifram o mistério:
Por que a vida
Tem que ser assim?
Eterna dúvida
Dentro da vida que continua
(A sina,o suor,as lágrimas)
O aumento da dor
Em todos os espaços da vida
Murmúrios
Para onde vamos
Dúvida
Medo
E nenhuma palavra que console
Depois do funeral
O sonho é esquecido
E os homens tentam concretizar o futuro
Através da memória
E tudo passa a ser abstração
A cidade continua
Miséria
Rumores de faca e solidão
Nas esquinas ainda se vende
Cocaína
Heroína
Maconha
A vida
A morte acumulada
Indícios de que o impreciso
Maculou a paisagem azul
E deixou a incerteza estampada
No rosto do sacerdote