DEPOIS DO FUNERAL

A manhã anunciada

(A sina,o som, o toque de uma lenta agonia

Trazendo pra vida

O reflexo de todas as metáforas

Que perambulam

Em alguns lugares da vida)

Às ruas sinistras

E o cortejo sombrio da solidão

As palavras ditas

São de desespero e choro

E não decifram o mistério:

Por que a vida

Tem que ser assim?

Eterna dúvida

Dentro da vida que continua

(A sina,o suor,as lágrimas)

O aumento da dor

Em todos os espaços da vida

Murmúrios

Para onde vamos

Dúvida

Medo

E nenhuma palavra que console

Depois do funeral

O sonho é esquecido

E os homens tentam concretizar o futuro

Através da memória

E tudo passa a ser abstração

A cidade continua

Miséria

Rumores de faca e solidão

Nas esquinas ainda se vende

Cocaína

Heroína

Maconha

A vida

A morte acumulada

Indícios de que o impreciso

Maculou a paisagem azul

E deixou a incerteza estampada

No rosto do sacerdote

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 30/01/2020
Código do texto: T6854347
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