As ruas não estão vazias

As ruas não estão vazias

Mesmo quietas, paradas e em silêncio

Transeuntes sem máscaras, com pele, com garra passaram ali

Passaram aqui

Alguns

Uma vez,

Outros

Chegaram a morar.

A rua é um todo à nossa volta

É o caminhar e o seguir

É a saída dos loucos, dos certos, dos poetas

Os passos seguem

A marca fica.

As ruas não estão vazias

Têm histórias

Têm passado

Têm presente

Têm memória!

São pés firmes, de passos largos

Ou pés finos, de leve embalo

Mas passaram

E ficaram

Têm vozes no silêncio das ruas

Vozes vozes vozes

Escute-as!

Têm gritos

Gemidos de amor e de dor

Têm sonhos

Construídos, destruídos...

As ruas não estão vazias

Tem o sangue derramado

Tem suor

Tem calor

Tem frio

Alegria e cantor!

As ruas

Ah, as ruas

Tanta história para contar

Tanta vida a apresentar

E as janelas se fecham para elas

As portas trincam-se

Onde estão os transeuntes?

As ruas não estão vazias

Tem olhares

que olham o olhar de quem passa sem olhar para mim

sem olhar para as ruas que revelam tantas coisas sobre ti!

As ruas seguem

Não vazias vazias ruas

Elas seguem...