A SEMENTE DO ACASO

falar das coisas

dos sonhos

da felicidade que está fora do tempo

as palavras são inúteis

mais vale a abstração

mais vale se perder

no ponto exato do acaso

onde os impulsos são testados

enquanto as interrogações

são vomitadas dentro da realidade frágil

que só espera o juízo final

e agora tudo é retorno, repetição

recompondo o infinito na nossa pele

falar das sensações

que fecundam o vazio

nos espaços urbanos

onde a vertigem reacende o nada

e ressuscita a sede do enigma

da imperfeição inexplicada

cobrindo de premonições

a solidão da noite

fragmentos de sonhos

alimentam a impossibilidade das coisas

e cada segundo desintegra o infinito

como se tudo fosse

um apocalipse prematuro

transfigurado o tempo

caos

revolta

contradições

o silêncio,o avesso

o desespero fatiado das esquinas

uma pedra estilhaça o vidro da janela

e a semente se funde com o acaso

para resistir às minúcias do irreal

as maçãs estão apodrecendo

tudo imperfeito

na trilha da solidão

onde retornamos à semente

que nos leva ao acaso

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 27/01/2020
Código do texto: T6851984
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