A SEMENTE DO ACASO
falar das coisas
dos sonhos
da felicidade que está fora do tempo
as palavras são inúteis
mais vale a abstração
mais vale se perder
no ponto exato do acaso
onde os impulsos são testados
enquanto as interrogações
são vomitadas dentro da realidade frágil
que só espera o juízo final
e agora tudo é retorno, repetição
recompondo o infinito na nossa pele
falar das sensações
que fecundam o vazio
nos espaços urbanos
onde a vertigem reacende o nada
e ressuscita a sede do enigma
da imperfeição inexplicada
cobrindo de premonições
a solidão da noite
fragmentos de sonhos
alimentam a impossibilidade das coisas
e cada segundo desintegra o infinito
como se tudo fosse
um apocalipse prematuro
transfigurado o tempo
caos
revolta
contradições
o silêncio,o avesso
o desespero fatiado das esquinas
uma pedra estilhaça o vidro da janela
e a semente se funde com o acaso
para resistir às minúcias do irreal
as maçãs estão apodrecendo
tudo imperfeito
na trilha da solidão
onde retornamos à semente
que nos leva ao acaso