No Atilho da Madrugada

É madrugada e o poeta

se entrega ao silogismo,

pelo teto da alcova

vai em busca do contínuo

que perfaz a iridescência

sem haver mais indecência

somente à luz áurea e pura

transmuda a alma em candura.

É madrugada e a estrela

se entrega ao raciocínio,

pelo ancho sustentáculo

vai em busca da nitescência

receptáculo da quintessência

onde subsiste o infinito,

onde o hodierno é mito

e o vetusto é a regência.

É madrugada e o poeta

se entrega a perspicácia,

pelo copioso intento

vai em busca da literacia

e na letra do imensurável

torna-se inenarrável,

sua nuança insopitável

trás à tona a flor do lácio.

É madrugada e a estrela

espiona o leito do poeta,

sua aclaração incerta

é consumida pela aurora

que desperta sem demora,

que desperta o mundo inerte

e naquilo que se sente

muita coisa se converte.

Jonas R Sanches
Enviado por Jonas R Sanches em 27/01/2020
Código do texto: T6851731
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.