A CHEGADA DOS DEMÔNIOS
Não lamento mais a morte pois ela é vívida como as nuvens e tudo o mais...
Não praguejo também o tédio sufocante que nada supõe e pouco causa...
Não converso mais sozinho pois minhas companhias invisíveis são mais coloquiais e sábias do que o unicórnio sentado na sala
E quando eles chegam a rendição às vezes é a única opção...
Canhestro sou pra parar algo que criei e indiquei
Melhor juntar cacos no chão e fazer um forte com soldadinhos verdes
Sem alarde eles já se instalaram...
No sofá, na cama do quarto, no terraço, entre os lençóis e na minha nuca
Com suas certezas lúcidas e respostas automáticas, com seus alarmes silenciosos e planos de fuga sem portas
E só falo... e respiro... e sufoco... e atravesso e cambaleio
Aí retomo o controle, ajusto botões, acompanho os sinais
E desisto
Eles chegaram... e não posso destratar meus convidados.