Chuva
Quero um canto só meu
Um canto, talvez o mais bagunçado da casa
Pra olhar a chuva. Prateada!
Exatamente igual á chuva da minha infância
ah! era uma festa!
O riozinho que se formava em frente à nossa janela,
e lançavamos barquinhos de papel!
Hoje o papel tem outra forma, outra essência.
E uma certa melancolia.
E lanço a fumaça do meu cigarro pela janela
Aqui neste meu canto!
Lá, naquele tempo a hora da chuva
Era a hora de me lançar
Ora chovendo deve me recolher, me resguardar.
Olhar com o olhar distante
Coisas que eu há muito tempo
Já não posso ver!
Hoje a chuva parecia tão fria.
Mas ainda prateada!
Ouco o som que me remete longe
do meu sonho;
Passa um, dois carros.
Mas ela a chuva. Não passa e me prende
Prende meus passos
Prende meu olhar
E esta chuva que parece que não vai passar
Me prende aqui neste meu canto
E põe tudo em seu lugar!