Carta de despedida.
Criei coragem e hoje rasguei os poemas que fiz pra ele. Não creio que os tenha lido, e se os leu jamais compreendeu a verdade neles contida.
Criei coragem e entreguei as cartas que fiz pra ele e que só existiam porque eu mesma as guardei!
E ainda tive coragem de questionar: O que vai fazer com "isso"!
Surpriendi-me com frases românticas que já não cabem, dedicatórias para o mais fiél dos amigos, percebendo tardiamente que este amigo jamais existiu! E terminações como: Dessa que nunca cansa de te amar! e dei-me conta de como nosso amor cansado está!
Enquanto rasgava uma a uma das poesias, coisas dentro de mim começavam a ter mais espaço não era apenas o armário que precisava de uma arrumação. Frenéticamente passei a rasgar, rasgar e rasgava o meu peito e via que meu sentimento era tão frágil como papel. Mas era o próximo de arrancá-lo de mim, era só o que eu podia fazer!
Afinal de contas ele deveria estar certo nisso! Sou exagerada? Será que realmente não foi amor e sim uma doença quase incurável? Será por isso a causa de tanta dor? perguntava-me.E uma pergunta final: Seria um curativo rasgar minhas cartas e rimas pra me curar de tal mal?
Haviam cartas e poemas pra tudo; viagens, de saudade, de comida especial. E achei uma tão chata que falava da sujeira que a cadela fazia no quintal. Tinha poema de perda e de perdão.
Mas em todas havia minha assinatura e uma frase: sempre sua..e isso me soou fatal!
Entao percebi que pra terminar nossa história faltava apenas a carta da despedida.
Talvez, essa eu não consiga escrever. talvez, nessa seja ele o remetente Mas, tentando imaginar como eu faria, seria simples , comedida e sincera e também cheia de esperanças que ele não compreendesse como fez com as outras que lhe enviei. Teria uma única certeza: Que ele reconheceria minhas lágrimas no papel.
Eu assim diria:
" Amor, parto hoje com a certeza de que até aqui eu te amei, fiz o que pude pra ver-te feliz. Por favor não me procure! Até algum dia!"