UM DEUS INVENTADO EM QUALQUER ESQUINA
Um deus
Inventado em qualquer esquina
Inventou para ti
Um caminho de incertezas
Inventou o príncipe encantado
Que passeou a língua pelo teu ventre
Que te fez imaginar que a vida era azul
Inventou a palavra vazia que cantou mentiras
Inventou os gestos que celebrarão em silêncio
A beleza do teu corpo
Inventou as marcas dos dentes na tua pele
Inventou os lábios que te beijaram com loucura
Inventou as mãos que acariciaram
Os pelos do teu sexo
Inventou o pênis duro
De encontro ao teu peito
Inventou o sêmen que inundou tua boca
E que deixou uma expressão
De espanto no teu rosto
Inventou o vinho posto sobre a mesa
Inventou o adeus do visitante
Inventou tua amargura e teu sono
Um deus
Inventado em qualquer esquina
Inventou a manhã na cidade
Que te ofendeu e não te perdoou
Inventou em ti que a vida é uma droga
Um deus premeditou teu ofício
Pronunciou uma lâmina em tua carne
E uma inútil lágrima que rola no teu rosto
O mundo te interroga
E te chama de prostituta
Um deus inventou tua sentença
E despencou sobre tua cabeça
A incompreensão, o ódio, a solidão
Desinventou a alegria da vida
E o próprio Deus