NÃO É POESIA
NÃO É POESIA
Esta não é uma poesia, é uma brincadeira de domingo. Cercado de livros poéticos fui pinçando, linhas de poetas famosos, outros nem tanto, e aleatoriamente botando-as no papel. Surgiu essa coisa meio louca que resolvi chamar de “sandices de um aposentado”.
Há linhas de:
Mario Quintana
Ferreira Gullar
Maiakóvski
Rilke
Leminski
Zack Magiezi
Fernando Pessoa
Rupi Kaur
Manoel de Barros
Jorge de Lima
Affonso Romano
Mallarmé
Gregório Duvivier
Bruna Beber
Drummond
Torquato Neto
João Cabral
Mário de Andrade
Hilda Hilst
Cecília Meireles
Manuel Bandeira
Chega um tempo em que não se diz mais:
Meu Deus
É preciso que haja alguma coisa alimentando meu povo
Uma qualquer esperança
A poesia quando chega
Não respeita nada
Nem pai nem mãe
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
Ódio e insulto! Ódio e raiva!
Ódio e mais ódio
Morte ao burguês de giolhos
Senhoras e senhores olhai-nos
Repensemos a tarefa de pensar o mundo
Afinal desde o começo do mundo
Água e chão se amam
E se entram amorosamente
Durante toda a minha caminhada
Pela bola que uns chamam de terra outros de água
São como unha e carne os dois e como unha e carne partiram-se
Andando felizes pelas ruas sem nome
Que o vento bom sopra do Mar Oceano
E nada, esta espuma, virgem verso
Apenas denota a taça
O presente ameaça
O futuro não chega
O passado não passa
Por sobre as pedras da sepultura
Que virou canteiro
O que o sol faz com as flores
Essa é a receita da vida
Que as pessoas murcham
Para florescer no final
Valeu a pena?
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena
No mundo onde os amores são mudos
Ela é o grito
As flores são mesmo umas ingratas
A gente as colhe
Depois elas morrem
Oh! Como tudo é tão antigo
E tão distante
A estela que sigo
A brilhar, eu creio, neste instante
Injeta sangue no meu coração
Enche-me até a borda as veias
Mete-me no crânio pensamentos
Para não ser como escravo martirizado no tempo
Embriago-me sem cessar
De vinho, de poesia, de virtude
E vou-me embora pra Pasárgada
Montado num cavalo branco de crinas de ouro buscando o trevo entre as margaridas
Quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Darei um jeito
De abraçar poesia
E dormir, sonhar
Noite e dia