Naqueles dias.
Estou naqueles dias.
Penso no certo, penso no errado.
Minhas mãos estão trêmulas, a voz não quer sair,
transpiro, suspiro e mais uma vez,
como todos os dias, tudo certo,
igualzinho, nada de errado,
tudo certinho, como em todos os dias.
Vagueio, vou e volto e tudo que penso é que será diferente,
nada, igualzinho a todos os dias.
Me arrumo, me preparo para o dia, bebo, como, sumo e tudo
passa, igual a todos os dias e
tudo foi igualzinho, como todos os dias.
Tudo certinho, café com leite, pão com manteiga,
queijo, gracejo e piada na mesa.
Alguém me chama, arrumo, desarrumo,
faço e desfaço a cama e
tudo certinho, como todos os dias.
O cachorro late, pode ser do vizinho, não, é o meu, é fome.
Um ladrão seria, sim, não seria por demais diferente de outros dias.
É meia noite, finda mais um dia, desligo-me, ligo-me nos sonhos,
espero um outro que se inicia.
Tudo como antes, tudo certo, nada de novo, tudo segue, tudo me persegue,
como todos os dias.