Assim expiram os lobos
Há uma degradante presença
Que manifesta certa ausência
Como um torto corvo
A vagar pelo horto
Num crepúsculo turvo
Permaneça distante, corvo
Distante, corvo
Pois somos ocos-
Mas o corvo não ouve o lobo
Pois da ausência se alimenta sua presença
E crianças com faces de morcego cantavam em coral
Musicas que outrora pressagiaram a chegada do chacal
E os Lírios sobre trilhos eram transportados
Debulhando o joio outrora plantado
Na ceifa da figueira-brava
As flamas tocavam a antecâmara, pressagiando, espreitando
Os aposentos reais de homens irreais
Desvanecentes, ainda não ausentes
Os violinos não tocavam para os que naufragavam
O vermelho não se abria para o que seguia
Nas masmorras e nos porões
Nos castelos e nos salões
Sobre cantos ou sobre prantos
Com a dor mais aguda
Ou em sono profundo
Há sempre desespero escondido no sussurro, pressagiando, espreitando
Assim expiram os lobos
“Não com uma explosão, mas com um sussurro”
“Pois no seu princípio estava seu fim“
As partes entre aspas são uma referência indireta a TS Eliot em homens ocos e quarto quartetos.