Profundidade

Não existem palavras

quando a linguagem é a do amor

e apenas a voz da alma fala, melódica

sustenida em conchas esvaziadas.

Então, no ventre do tempo, meu amado

avançamos livres, corremos nus

desbravando os medos do corpo

em acordes vibrantes de fogo

num plano fumegante de brasa e luz

junto aos raios brilhantes de Sol.

Tomamos o rumo dos astros

e o horizonte abre-se para nós

fulgurante e vasto

acariciando, nas sombras da tarde

nossos sonhos azuis e repletos de esperanças

E sob a nossa pele

um reino desconhecido explode, virgem

em um plexo de sentidos

de desejos incontidos

num entrançamento de gestos circunflexos

em que as hastes dos salgueiros se dobram

se vergam, se fundem e mergulham

na profundeza das águas da paixão.

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 07/10/2007
Código do texto: T684907