Profundidade
Não existem palavras
quando a linguagem é a do amor
e apenas a voz da alma fala, melódica
sustenida em conchas esvaziadas.
Então, no ventre do tempo, meu amado
avançamos livres, corremos nus
desbravando os medos do corpo
em acordes vibrantes de fogo
num plano fumegante de brasa e luz
junto aos raios brilhantes de Sol.
Tomamos o rumo dos astros
e o horizonte abre-se para nós
fulgurante e vasto
acariciando, nas sombras da tarde
nossos sonhos azuis e repletos de esperanças
E sob a nossa pele
um reino desconhecido explode, virgem
em um plexo de sentidos
de desejos incontidos
num entrançamento de gestos circunflexos
em que as hastes dos salgueiros se dobram
se vergam, se fundem e mergulham
na profundeza das águas da paixão.