UM MERGULHO NO FUTURO.

Avança a tarde

nas parcas horas do dia.

Na insuficiência das horas

a vida desliza

e nós não percebemos.

Longa é esta estrada,

cujas luzes começam

com fartos esplendores,

e com o passar dos ventos

vão friamente diminuindo.

Avante meus passos,

botinas de couro

e calos dos dias.

Olho minhas mãos

e meu destino.

Pra onde irei após o fatídico

o apagar das luzes...

como será meus

primeiros passos

em solos desconhecidos.

Que mãos me indicará

meu destino.

Trabalharei ou não?

Serei o vento dos vales

a refrigerar as feridas

dos ainda iludidos?

Ou ficarei na inércia

a espera do cajado do pai

me acordando para

o julgamento.

me olho refletido no espelho

da escrivaninha.

Pobre massa, que avança

incauta,

respiro a brisa que penetra

minha janela,

ouço o som das ruas anunciando

um progresso ilusório.

Do que vale mil vinténs,

se no voo final as mãos

vão limpas.

Um poema pousa em mim ,

minha alma sai para o

óbvio,

olho tão vasta estrada por

onde percorri,

o que me resta daqui

pra frente...

Corpo febril sobre a cadeira

hirta,

levantai e vá até a janela,

olhe o tempo nublado

que oculta as luzes,

tome um copo de água

respire essa porção de duvidas.

Esqueça essas frases que

insiste em tornar-se poema.

Viva esse instante ,

ávidos instantes de um fim

de linha.

Enquanto respira uma flor

desabrocha,

e enquanto a flor é flor

abelhas se alimentam...

Nisso, a vida vai fingindo

felicidade.

Meu Deus,

porque esse pensamento,

nesse tempo único.

Enquanto refletia sobre

meu estado de alma,

minutos me escapavam,

e eu nem percebia...

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 23/01/2020
Código do texto: T6849029
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