Meninos de Sombra
Um menino de sombra
trafega nas ruas e zomba:
- Assombra, assombra!
E dos pés do operário,
sem rosto ou salário, o menino de sombra:
- Assombra, assombra!
Anoitece no Rio, São Paulo
o pavio e o menino de sombra:
- Assombra, assombra.
Nos palácios vazios,
do gosto ao fuzil, o menino de sombra,
assombra a sombra.
E a noite vai embora,
o dia, aflora e o menino de sombra:
- É agora, é agora!