Danço
Danço.
Independentemente de meu corpo, eu danço.
E, ainda que braços e pernas não tivesse, eu dançaria.
Porque, antes que passos e gestos expandam-se em minhas extremidades,
brotam eles de minh'alma. E, acaso, minh'alma limitar-se-ia?
Caminho pelas ruas e, enquanto caminho,
ninguém suspeita que danço. Mas danço.
Os braços de minh'alma estendem-se ao céu,
as pernas de minh'alma esboçam passos pela avenida,
a neblina da manhã torna-se véu
e vibra, em minh'alma, a música da vida.
E minh'alma, bailarina,
rodopia pelo espaço, enlevada.
A dança é meu poema mais vivo.
Como me pode ser tirada?