Até quando?
Até quando
o império dos pudores?
Até quando
o medo como sapato de chumbo?
Até quando
a possível crítica,
o eventual assédio
como camisas de força?
Até quando
a prevalência da opinião alheia
(muitas vezes,
uma formulação projetada)?...
Daqui a pouco,
o tempo passa e leva tudo:
leva os críticos,
leva os assediadores
leva, sobretudo,
a energia necessária
à realização das coisas.
Daqui a pouco
ficará apenas
o arrependimento renitente
como um cálice de cicuta
servido ao inconsciente...
E mais um pouco
não haverá tempo
não haverá inconsciente
não haverá corpo.