VIDÊNCIAS
A lua me olha
com uma íris cósmica:
nuance prata
de um oráculo pré-noturno.
No tarô:
"dez de espadas"
a carta me esfacela
com o fio da navalha
e o sangue da predição.
Longínquo, o arrebol
revela aos poucos
o corpo nu, sombrio
e melancólico do céu.
Até que enfim
a noite chega
fria e sedenta,
e nem as cartas
ou o destino
decidirão meus passos.