A INCERTEZA DO EU

É como memória que o eu existe.

Mas o que é a memória

Além do efeito de uma ausência ?

O eu resiste a um presente

Que constantemente lhe escapa

Produzindo lembranças,

Acumulando existência,

descartando presenças.

O eu é apenas marca, vestígio,

Mutação constante

Contra o precário da identidade.

O eu não tem substância.

O tempo para ele não existe,

enquanto persiste contra o perde-se do agora,

Contra o vazio do passado e do futuro,

Surpreendendo-se sempre um outro

Na afirmação de si mesmo.