enchente
quando as águas da chuva encontraram o rio
chegaram corpos e máquinas e móveis
e sonhos destruídos.
o coração, acostumado com o tempo das coisas
não viu a dor nos olhos que procuravam o corpo materno...
o rio sepultou a esperança
não quis as lágrimas
levou casas e história e dinheiro e orgulho
e mulheres e homens que dormiam abastecidos de ilusões.
levou a mãe daquele menino, meu Deus!
quando as águas da chuva encontraram o rio
a morte sorriu
o seu sorriso mais frio.