PÁGINA VIRADA
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Virei a página da minha vida
Tudo em mim agora é um recomeço
Pus dois pesos e uma medida
Na balança sem prumo e sem tropeço
II
Uma página rasgada do caderno
Riscada ou definitivamente apagada
Desmemoriada da jura do amor eterno
Da sentença que um dia foi selada
III
Esta página que a vida me cobrou
Está diante de um grande tribunal
Batendo o martelo pra quem nunca amou
Algemando o coração sem direito informal
IV
Jogado numa cela com embrutecidos
Que nasceram pra viver no crime e sem rumo
Atentado ao corpo e aos órgãos dos sentidos
Pra ver ser na balança vai ter peso e prumo
V
O resultado de tudo é o diploma do amor
Depois da dureza da garganta ressecada
O que se espera é um aprendizado com louvor
E tenha o erro como uma página virada.