EVOLANDO

EVOLANDO

As distâncias se alongam

Folhas mortas desfazem-se

O chão é negro

Sumiram barro e areias

Águas salgadas precipitam-se

Águas doces não matam a sede

Sol, lua, estrelas, nuvens

Alternam-se em céu agônico

Toca o sino do campanário

Repicando de lamento

Lamuriosas vozes e preces

Não mais encantam

Quisera rezar, não quer

Passou o tempo foi-se a fé

A solidão é domínio

Nas ruas, nas esquinas, nos becos

Vai desfilando altaneira

A morte que se aproxima

A desenhar no mármore

O descanso das palavras

As mãos estão frias

O coração calado

Coagula a vida

Que sem motivo

Ri-se do apagar das luzes

Tudo foi ora eflúvios ora cruzes

Na eternidade do Deus

E só dele

Mais ninguém

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 19/01/2020
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