Sobre pinturas francesas.
Não sou francesa para ser esbelta.
Ai de mim se fosse estrangeira,
como me pintaram bela!
Nos traços incautos de nenhum Monet,
bem dizem que a beleza rege
nos olhos de quem vê.
De nada importam as cores primárias
ou a paleta de cores,
do meu mais terno desejo:
me transformar em tela
naquilo que não me vejo.
E que outro artista senão eu,
para pintar-me sobre os meus
próprios traços consternados?
Sentada...
Parada na dúvida ininteligível...
Como tinta,
talvez fosse um tom pouco usual,
um tanto desigual,
de tantos outros...
Quem sabe uma mistura de lilás, azul e roxo.
Um tom grotesco,
que serviria para pintar flores.
Por consistência diáfana, um quadro noturno!
Nunca escolhida por artistas,
exceto para plano de fundo
de moças francesas,
e nelas
veemências em tons cereja,
com toda a delicadeza,
dos mais solenes pincéis.
E gasta-se tanto tempo
contrastando cruéis
diferenças entre
o que é belo
e o que é torpe,
que descarta-se que o asqueroso,
talvez fosse doce.
Convenço-me que por este motivo,
e nenhum outro,
meu rosto
não será pintado.
Sou muito trivial e corriqueira,
para ser observada uma tarde inteira.
Nada ínclito a ponto de ser digno...
Até meus olhos,somente eu julgo lindos!
Não sou francesa para ser esbelta...
tampouco sou tela!
Cabe à mim a espera...
Ah! Pintores de Riviera,
sou desprezível e gostaria de ser bela!