Encruzilhadas
O que eu sinto afinal?
O que meus olhos não admitem quando fico preso.
Que cor tem a ternura se não consigo vê-la?
Há um vazio imenso agora,
Desses que quando crianças queríamos mãe.
Não há ninguém em meio a tanta gente.
Hoje sei, esse caminho é longo,
Curta talvez seja a vida da qual falo,
Essa estrada que meu ser criou fugiu do que era,
Do que era pra ser, do meu real.
Túnicas douradas vestem aquela mulher
De beleza e amor.
Meu riso, meu cantinho solitário,
Diz-me: quem sou?
No rosto do menino que cruza a rua eu vi
Meus dez mil defeitos acelerados pelo tempo.
A estrada é longa, o tempo é curto
E a noite fala comigo como anjos de Deus.
Ainda posso, ainda quero, ainda vou.
Essa estrada é a mesma para muitos,
Não só de eus e não eus, mas de eus.
Assim, vou vivendo nessas encruzilhadas,
Na metade de tudo, até mesmo de mim.