VATICÍNIO SOBRE A POESIA

Tudo é falso, tudo perece.

A poesia adoece-me o fígado

E o verso de pé quebrado

Me causa disritmia.

Deixei nos postes, nos muros,

O escuro de minha prece,

Signos raros, escondidos,

Que em nada se parece.

Mas há de chegar o tempo

Onde o simples será visto

Pela mais pura criança

Usando apenas o sentido.

Mas há de chegar, eu creio

Que alguém abrirá a porta.

Se hoje a escrita é recreio

Amanhã, quem se importa?

Mas hei de escrever, contido,

Sobre o que o poema trouxer,

Amores nunca existido

Aos olhos de uma mulher.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 16/01/2020
Código do texto: T6843390
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