VATICÍNIO SOBRE A POESIA
Tudo é falso, tudo perece.
A poesia adoece-me o fígado
E o verso de pé quebrado
Me causa disritmia.
Deixei nos postes, nos muros,
O escuro de minha prece,
Signos raros, escondidos,
Que em nada se parece.
Mas há de chegar o tempo
Onde o simples será visto
Pela mais pura criança
Usando apenas o sentido.
Mas há de chegar, eu creio
Que alguém abrirá a porta.
Se hoje a escrita é recreio
Amanhã, quem se importa?
Mas hei de escrever, contido,
Sobre o que o poema trouxer,
Amores nunca existido
Aos olhos de uma mulher.