gato quando caça não mia
gato quando caça não mia
quem dizia não lembro
primavera era setembro
sempre cabia a melodia
nem havia esta carestia
verão vinha em dezembro
de matar, era a mais-valia
quem dizia ainda lembro
o gato sempre à espreita
ainda avalia a harmonia
equilíbrio e intuição fria
janeiro, o sol não deitava
tempo passava, estreitava
mormaço virava avaria
dos domínios da fantasia
não se fugia se sujeitava
gato não carecia alcunha
gostava da autonomia
outono março anunciava
o vento era testemunha
velho vestido de vicunha
não bastava na noite fria
e quando o afago urgia
a gente era carne e unha
gato de bigode já nasce
era doce era um barato
lembrar nunca é exato
fico grato pela interface
realidade tem disfarce
no lume ou no substrato
parecia eterno o enlace
em junho inverno é fato