Sacro Ofício

Se já não podes falar nada

Menina da voz mais suave,

Deixe que exalo poesias

Na minha já bem mais grave

E se não fores mais capaz

De me ouvir recitar o refrão,

Deixe que canto por gestos

Com dedos de pura canção.

Se dedos não mais me restarem

Pra te carregar pela mão

Menina branca de neve

Me leve no coração.

Mas se por descaso não possa

No peito me carregar

Te peço que nunca te esqueças

Me leve no seu lembrar.

Entretanto se for sacrifício,

Residir em teu pensamento

Deserdo este fardo e ofício

Não nego, haverá sofrimento

Desmonto em pedra e silício

E imploro com ar de lamento:

Menina branca de neve,

Me leve no esquecimento.