UM VIVO NOS OMBROS DA MORTE

Que nome terei quando morrer?

Não serei mais filho

De José e Maria?

Não serei Emanuel?

E então?...

Quem me poderá dizer,

Agora, enquanto me corre nas veias

Este vinho de falsa vida,

A migalha ou o tesouro que serei?

Talvez, eu continue por aqui ainda

Na boca de algum tolo. Em versos, diante da ânsia

De sorver a cerveja,

Pois só na arte o homem é perpétuo.

Imagino o meu posto de crítica

Observando o verso,

Saltando entre chuvas de saliva na boca

De um bêbado bailando na mesa

A vida dos vivos

É um projeto sem esquema

Onde o arquiteto morto, realizado,

Não deixou vestígio de como caminhar para lá.

O diagrama para se chegar à morte é nenhum,

Ela é certa...

O caminho da morte é a vida;

Não foi a vida que durou tanto,

Foi a morte que demorou a chegar. hoje,

Ela está mais próxima do que ontem.

E lá, no túnel, quem serei?

Garanto não voltar

Para que gozem da mesma impaciência.

MANOEL FERNANDES DIAS

Academia Betinense de Letras
Enviado por Academia Betinense de Letras em 07/10/2007
Código do texto: T684038