SOLSTÍCIO DE VERÃO.

Outrora a chama,

Que em meu peito ardia,

Martírio de quem ama,

Desejo e amor, na poesia.

Iluminados em cores vivas,

Nos raios de sol, de tons dourados,

Nasciam, assim, os nossos dias,

Trazendo sorrisos há muito esperados.

E quando à tarde, o sol se punha,

Chegava a noite, trazendo a lua.

O coração como testemunha.

Brilhava o céu e eu era tua.

Passado o tempo, já não há lua.

E sopra um vento, ladrão de sonhos.

Na tempestade, verdades cruas.

Rouba sorrisos, em tons tristonhos.

Da chama ardente que, então, queimava,

Restaram cinzas de um amor cadente.

Juro, meu amor, que eu não esperava,

De repente, um adeus, doído e silente.

Fogo brando, hoje, centelha.

Quase morto, ainda arde.

E, esse olhar, assim de esguelha

Vive em mim, e nunca parte.

Pudera eu, num sopro eterno,

Dar vida à chama estremecida.

Queimar de amor em pleno inverno,

Entre fagulhas adormecidas.

Elenice Bastos.