Os dois lados da moeda
Me torno o que não pretendia ser
Sendo também o que me tornei
Por abismos que desenterrei
Só pra enterrar de novo
Em outro lugar
Com outro olhar
Que talvez só seja
A continuação do primeiro
Mudar é uma redenção
A tudo que não me cativa
Carreguei as cruzes de todos
Pra transformar em folhas brancas
E registrar na matéria decomposta
Minha morte narrada em vida
E o renascimento na dor
Qual é minha definição de eternidade
Se transcendi o tempo em uma tarde?
Quais são as divisões dos segundos
Pra quem viveu todos em um dia
Sem jamais contá-los
Viveu mais do que nunca
E após passar a anestesia
Viveu mais como sempre
Ainda sente o cotidiano banal
Ao seu lado no muro do pátio.