Os dois lados da moeda

Me torno o que não pretendia ser

Sendo também o que me tornei

Por abismos que desenterrei

Só pra enterrar de novo

Em outro lugar

Com outro olhar

Que talvez só seja

A continuação do primeiro

Mudar é uma redenção

A tudo que não me cativa

Carreguei as cruzes de todos

Pra transformar em folhas brancas

E registrar na matéria decomposta

Minha morte narrada em vida

E o renascimento na dor

Qual é minha definição de eternidade

Se transcendi o tempo em uma tarde?

Quais são as divisões dos segundos

Pra quem viveu todos em um dia

Sem jamais contá-los

Viveu mais do que nunca

E após passar a anestesia

Viveu mais como sempre

Ainda sente o cotidiano banal

Ao seu lado no muro do pátio.

Sombra Victorino
Enviado por Sombra Victorino em 07/01/2020
Reeditado em 07/01/2020
Código do texto: T6836139
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