Poeta lê sua poesia quando dorme

O poeta bocejou,

Recostou-se na cama macia,

Puxou, sobre si, a manta adequada,

Abraçou o travesseiro.

A letargia chegou com a preguiça,

Meditando sonho e inspiração,

Voou na manta mágica,

Viu seus versos pairando,

Viu suas rimas absurdas,

Notou rosas na bigorna,

Menestréis cantando em torres,

Barracos cheios de faisões,

Viu a fome à frente do prato,

O prato equilibrando a balança,

O poeta, um filantropo,

Tinha um sistema de medidas próprio,

Com seu sistema media os equívocos,

Com seu unguento aliviava a dor.

Algumas verdades em pequenas mentiras,

Tudo para coadunar palavras,

Nunca na tentativa de se impor.

Claras realidades erigidas sobre utopias,

Quantas desabaram, quantas não,

O poeta leu dormindo,

Tudo o que esperava da vida,

Que já havia escrito,

Enquanto estava acordado.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 06/01/2020
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