Poeta lê sua poesia quando dorme
O poeta bocejou,
Recostou-se na cama macia,
Puxou, sobre si, a manta adequada,
Abraçou o travesseiro.
A letargia chegou com a preguiça,
Meditando sonho e inspiração,
Voou na manta mágica,
Viu seus versos pairando,
Viu suas rimas absurdas,
Notou rosas na bigorna,
Menestréis cantando em torres,
Barracos cheios de faisões,
Viu a fome à frente do prato,
O prato equilibrando a balança,
O poeta, um filantropo,
Tinha um sistema de medidas próprio,
Com seu sistema media os equívocos,
Com seu unguento aliviava a dor.
Algumas verdades em pequenas mentiras,
Tudo para coadunar palavras,
Nunca na tentativa de se impor.
Claras realidades erigidas sobre utopias,
Quantas desabaram, quantas não,
O poeta leu dormindo,
Tudo o que esperava da vida,
Que já havia escrito,
Enquanto estava acordado.