OS SEUS E OS MEUS
OS SEUS E OS MEUS
Elane Tomich
Há que haver cumplicidade
Um orgasmo vida inteira
Feito de boa vontade
Às vezes de outra maneira.
À beira do fogão de lenha
A fêmea fecunda e prenha
Leite e pão de queijo
Fartura de seios, beijos.
Do pai a lei suprema,
Sêmen, moral na gema.
Juventude, solitude
O filho primeiro, poder
De ação em infinitude
De ser a continuidade
E tudo isso requer,
Prenúncio de vaidade.
Há que haver cumplicidade
Às vezes de outra maneira
Um sonho de liberdade,
Que o filho adolescente
Rouba-nos sem muita eira.
Do nosso meio ambiente.
Há que haver intimidade
Corpo desguarnecido
Sentir a antemão da verdade
Antes do amanhecido.
Os netos em algazarra
A nossa cama é uma farra,
Nossa mesa é rara e plena
Nosso cobertor, de pena.
Há que haver continuidade!.
Nosso abraço é tão comprido
Vindo de tempos idos.
Cabem em nós, gerações
Nos segredos das nações.
Extermínio da tortura.
Aos nossos netos, fartura,
Aos seus filhos, a verdade.
Há que haver simplicidade
Saber que muitos avós
Clamaram pelo prazer
E, de não podê-lo ter,
Calaram o ritmo e a voz
Esperando a vitória,
Dos filhos de toda esta história
Em eterno amanhecer.
Há que haver felicidade
Faremos garras das mãos
Atando continuidades
Extremidades ou não,
Alguém acendendo velas
Éden em cor de aquarela
Partida em segurança,
Morrendo após... qual criança!