ATÉ os ANJOS COSPEM no CHÃO

Quando a noite for a fêmea de um vendedor de destinos

todas as faces estarão perdidas

os mártires de todos os planetas

pendurados na cruz do Sistema

o anjo do pecado amarrado ao Sol

e o Sol cada vez mais

é a dúvida a dúvida a dúvida

Eu estarei sentado na praia

violentado pelas cores da Aurora

agredido pela solidão dos loucos

mas estarei só

o Sol meu companheiro

pela decadência

abandonado até pela sombra

farei de tudo um pouco

p'ra comer

plantando flores nas ruínas da Babilônia

vou abrir as janelas do Apocalipse

no evangelho dos fanáticos dominados

e nada direi serei o perigo o marginal

sobre a cinzas da canalha

até os anjos cospem no chão

Deixo p'ra trás o pânico o espanto

não posso fazer dos ossos tua hóstia

escancaro-te em todas as idades

para que o sexo viole as regras

e bebo coquetéis de sangue

brindando o Adeus dos enforcados