ME VISTO de NEGRO
Estou amarrado aos sonhos
na praça esquecida dos nomes,
a sombra cravada no vazio
como a espada cósmica,
procuro nas orações a trilha
da memória, minha alma de anjo queima
mastigando pedras e caracóis até passar
da brasa ao carvão, me visto de negro
como os homens tristes e levo
embaixo de um braço - a cabeça
e o sexo embaixo do outro
Cavalos baios abandonam as ferraduras
ao longo das ferrovias
fugindo dos milagres do motor,
anjos despem as máscaras de átomos e acordes
e riscam fogueiras nos túmulos cibernéticos,
é hora de assaltar os garimpos da alma
empunhando os revólveres da mudança
não somos os mesmos e hoje
só o crime apresenta dinastia,
mendigos compõem hinos sem palavras
derrubando o sol na sonolência Química
e aquí, no recolhimento selvagem da praia distante
batizo a solidão com o nome teu
e vestido com as asas trazidas pelos cavalos da lua
penetro nos abismos do amor, livre do retorno