Por quem os sinos dobram?
Um garoto irreverente
Tomou do badalo a corda
E abordou o sino dormente
O padre, com preguiça:
-Perdi a hora da missa?
Escovou os dentes com vinho
Deu a rodo o perdão;
A menina das promessas,
Com o cabelo em desalinho
Levantou-se correndo, às pressas,
Entendeu como sinal divino
Pensou logo no sacristão;
O enfermeiro de plantão,
Que distribuía as drágeas
Relatou ao residente
Como reagiu ao remédio o paciente;
O ladrão tinha por premissa,
Interromper sua cobiça
Antes que o padre desse o sermão.
O assalto parou pela metade,
Ele esperou, na inocência,
Só metade da penitência.
Confundiu-se, naquele momento
Velório, batismo e sacramento,
Pois sem nenhum critério,
Tudo se fez um mistério
E por quem tocava o sino
Fez-se o segredo daquele menino